Pesquisar este blog

quarta-feira, 21 de março de 2012

relevo do parana

« GEOLOGIA DO PARANÁ – FORMAÇÕES GEOLÓGICASGAIA – O PLANETA TERRA VIVO DE JAMES LOVELOCK »GEOMORFOLOGIA – RELEVOS DO PARANÁ
J 09UTC outubro 09UTC 2010 por Mariana Lorenzo


Serra do Mar. Foto por Mariana Lorenzo. 2011.
Antes de tudo, vale lembrar que a Geomorfologia aborda o estudo das formas de relevo e dos seus processos. O relevo, por sua vez, é toda forma assumida pelo terreno (montanhas, serras, depressões, etc.) que sofreu mudanças com os agentes internos e externos sobre a crosta terrestre. Em outras palavras, Geomorfologia corresponde a uma geociência que tem como base o estudo das irregularidades da superfície terrestre, ou simplesmente, as diversas formas de relevo, tomando como base as leis que determinam a gênese e a evolução dessas formas. Será analisado, em especial, o relevo do estado do Paraná, que é formado por cinco regiões distintas, que são: Litoral; Serra do Mar; Primeiro Planalto; Segundo Planalto e Terceiro Planalto (ESPAÇO DA GEOGRAFIA, 2010; GONÇALVES, 2010; Amapá do Passaúna, 2010; WIKIPÉDIA, 2010).
A princípio, o relevo do Paraná, em sua maior parte, forma-se de um vasto planalto com uma pequena inclinação nas direções noroeste, oeste e sudoeste do Estado. Abrange os terrenos arenítico-basálticos do Planalto Meridional Brasileiro e os terrenos cristalinos paralelos ao oceano Atlântico. Vale dizer que segundo o geólogo alemão, Reinhard Maack, as terras paranaenses podem ser agrupadas em cinco unidades geomorfológicas que se sucedem de leste para oeste, na seguinte ordem: Litoral ou Baixada Litorânea; Serra do Mar; Primeiro Planalto, de Curitiba ou Cristalino; Segundo Planalto, dos Campos Gerais (ou Ponta Grossa) ou paleozóico; Terceiro Planalto, de Guarapuava ou basáltico (ESPAÇO DA GEOGRAFIA, 2010; GONÇALVES, 2010; Amapá do Passaúna, 2010; WIKIPÉDIA, 2010).
Abaixo serão descritas cada unidade com base no quadro geomorfológico abaixo.


Quadro geomorfológico/físico do Paraná
BAIXADA LITORÂNEA (LITORAL)

A baixada litorânea é constituída por uma faixa de terras baixas com cerca de vinte quilômetros de largura média. Consiste em uma região rebaixada através de um falhamento marginal de um antigo nível do planalto paranaense. Vale dizer que este fenômeno aconteceu na era Cenozóica ou no final da Mesozóica, provavelmente. Abrange terrenos baixos e inundáveis (planícies aluviais e formações arenosas) e morros cristalinos com cerca de cinqüenta metros de altura. Em sua porção setentrional, a baixada litorânea se fragmenta para dar lugar à baía de Paranaguá, cujo aspecto digitado resulta da penetração do mar através de antigos vales fluviais, ou seja, da formação de rias (GONÇALVES, 2010; WIKIPÉDIA, 2010).


Baia de Paranaguá – Imagem: NASA
SERRA DO MAR


Serra do Mar. Foto por M. Lorenzo. 2011.
A Serra do Mar forma o rebordo oriental do planalto cristalino e domina com suas enérgicas escarpas a planície litorânea. Pertence ao Complexo Cristalino Brasileiro, sendo formada por granitos e gnaisses. No Paraná a serra apresenta-se fragmentada em maciços isolados, entre os quais se insinua o nível do planalto cristalino (900m) até alcançar a borda oriental, ao contrário do que acontece em São Paulo. Vale lembrar que os maciços ultrapassam em cem metros essa cota, geralmente. Isso faz com que a serra do Mar no Paraná, além da escarpa (Graciosa e Farinha Seca) que se volta para leste com um desnível de mil metros, também apresente uma escarpa interior, voltada para oeste. Não obstante, esta mostra um desnível de apenas cem metros. Tenha-se presente que as atuais formas da Serra do Mar têm origem em vários fatores, dentre os quais pode-se citar: diferença de resistência das rochas, falhamento do relevo e sucessivas trocas climáticas (GONÇALVES, 2010; WIKIPÉDIA, 2010).


Conjunto Marumbi/ Serra do Mar. Foto por M. Lorenzo. 2011.
PRIMEIRO PLANALTO, DE CURITIBA OU CRISTALINO

O Primeiro Planalto, de Curitiba ou cristalino, tem início na Serra do Mar e estende-se para o oeste até a escarpa Devoniana (Serrinha, Serra de São Luiz, etc.). Ele advém de uma erosão, que o rebaixou de um antigo nível, e seus terrenos antigos pertencem à era Pré-Cambriana. O primeiro planalto é constituído por uma faixa de terrenos cristalinos, que se estende em sentido norte-sul, a oeste da serra do Mar, apresentando uma largura média de cem metros e cerca de 900m de altura. Cumpre assinalar que a topografia varia de acidentada, ao norte, a suavemente ondulada, ao sul. A bacia sedimentar de Curitiba é formada por um antigo lago, que nos dias atuais é atulhado de sedimentos. O planalto cristalino abrange duas partes, zona norte e sul:

Zona Norte: apresenta um relevo mais acidentado por causa da ação erosiva do Rio Ribeira e seus afluentes. Vale dizer que as rochas predominantes são os filitos, calcários, dolomitos, mármores e quartizitos. Pela sua fisionomia montanhosa, é chamada de “região serrana de Açungui”, que possui elevações, dentre as quais pode-se citar a Serra Ouro Fino (de 1.025 a 1.050 m), Serra da Bocaina (de 1.200 a 1.300 m), Serra da Canha ou Paranapiacaba (de 1.200 a 1.300 m) e Serra do Piraí (de 1.080 a 1.150 m);
Zona Sul ou Planalto de Curitiba: possui formas topográficas mais suaves e uniformes que variam de 850 a 950 metros de altitude, e largura de 70 a 80 quilômetros. O relevo possui origem cristalina (granito e gnaisses e sua superfície é representada por argila e areias, que encontram-se depositadas ao longo do rio Iguaçu, seus afluentes e ao redor das cidades de Curitiba e Araucária (GONÇALVES, 2010; Amapá do Passaúna, 2010; WIKIPÉDIA, 2010).
SEGUNDO PLANALTO DO PARANÁ, DOS CAMPOS GERAIS OU PALEOZÓICO

O Segundo Planalto, dos Campos Gerais (ou Ponta Grossa) ou Paleozóico, consiste em uma região ocupada pelos Campos Gerais e é formada por terrenos do período paleozóico. Convém ponderar que sua formação geológica corresponde a terrenos sedimentares antigos da era Paleozóica, reunidos nos seguintes grupos: Paraná ou Campos Gerais (devoniano); Itararé (Carbonífero) e Passa Dois (Permiano). Em relação às rochas mais comuns, pode-se citar: arenitos (Vila Velha e Furnas), folhelhos (Ponta Grossa e os betuminosos), carvão mineral, varvitos, siltitos e tilitos. Em pequenas regiões, aparecem rochas ígneas intrusivas (GONÇALVES, 2010; WIKIPÉDIA, 2010).


A "taça" em Vila Velha - arenito
O Planalto paleozóico limita-se a leste, através de uma escarpa, a Escarpa Devoniana, que cai para o planalto cristalino e, a oeste, por meio do paredão da Serra Geral – escarpa da Esperança, que sobe para o planalto basáltico. Vale lembrar que o Planalto paleozóico é formado por uma topografia suave e possui uma ligeira inclinação para oeste, apresentado uma extremidade oriental que alcança 1.200 metros de altura e na base da Serra Geral, a oeste, possui apenas 500 metros. Apresenta uma faixa de terras com cerca de cem quilômetros de largura e descreve uma gigantesca meia-lua com uma concavidade que se volta para leste. As maiores altitudes do segundo planalto (1.100 a 1.200 metros) encontram-se na Escarpa Devoniana, declinado para sudoeste, oeste e noroeste. Os pontos mais baixos (350 a 560 metros) estão situados na parte norte, no encontro do segundo (Planalto de Ponta Grossa) com o terceiro planalto (Planalto de Guarapuava) (GONÇALVES, 2010; WIKIPÉDIA, 2010).

TERCEIRO PLANALTO, DE GUARAPUAVA OU BASÁLTICO

O Terceiro Planalto, também chamado de Planalto Basáltico ou de Guarapuava, constitui a mais extensa das unidades de relevo do Paraná, ocupando dois terços de superfície do estado, localizado nas terras situadas a oeste da escarpa da Esperança. Limita-se, a leste, a Serra Geral, que, com um desnível de 750m, domina o planalto paleozóico; a oeste, o limite é formado através do rio Paraná, que ao lado do ponto onde ficavam os saltos de Sete Quedas, forma um desfiladeiro. Tenha-se presente que o planalto se estende além dos limites do Paraná e forma parte dos territórios de Mato Grosso do Sul, do Paraguai e da Argentina (GONÇALVES, 2010; WIKIPÉDIA, 2010).

O planalto basáltico, assim como o planalto paleozóico, inclina-se suavemente para o ocidente: cai de 1.250m, a leste, para 300m nas margens do Paraná (a montante de Sete Quedas). Constituído por uma sucessão de derrames (empilhados) de basalto, este planalto domina toda a metade ocidental do estado. Assinale, ainda, que seus solos, cuja origem vem dos produtos da decomposição do basalto, formam a chamada “terra roxa”, que encontra-se no norte e oeste do estado. Ponderando o assunto, o Terceiro Planalto consiste no derrame de rochas eruptivas – basaltos, diabásios e meláfiros – e aos depósitos de arenitos (Botucatu e Caiuá) da era Mesozóica, onde ocorreu o maior derrame de lavas vulcânicas de todo o mundo. Vale lembrar que este famoso derrame também é conhecido como derrame de Trapp, que formou a terra roxa (GONÇALVES, 2010; WIKIPÉDIA, 2010).

O Terceiro Planalto, com base nos rios Tibagi, Ivaí, Piquiri e Iguaçu, dividi-se nos seguintes blocos: planalto de Cambará e São Jerônimo, planalto de Apucarana, planalto de Campo Mourão, planalto de Guarapuava e planalto de Palmas (GONÇALVES, 2010; WIKIPÉDIA, 2010).

CONCLUSÃO


Serra do Mar/ Marumbi. Foto por M. Lorenzo. 2011.
Como remate é importante frisar que de maneira geral, Geologia consiste em uma ciência essencialmente histórica. Pode-se dizer que a história geológica constitui-se de diversos aspectos que permitem entender o passado, avaliar criticamente o presente e elaborar previsões futuras da Terra. O estudo dos processos geológicos, como os citados neste post e nos anteriores – petrologia, estratigrafia e geomorfologia -, controlam de certa forma a evolução da Terra e condicionam o aparecimento de recursos naturais, que são necessários para a vida humana e para o desenvolvimento social nos dias atuais. No aspecto ambiental, estudar os diversos tipos de solos, abrangendo suas características específicas, histórico, formação, dentre outros aspectos, auxilia na elaboração de corretas formas de manejo para áreas degradadas, principalmente. Vale lembrar que as rochas sedimentares, em especial, fornecem informações sobre as variações ambientais ao longo do tempo geológico. Os fósseis preservados nestas rochas são a chave para a compreensão da origem e evolução da vida. Pode-se dizer que a importância econômica deste tipo de rocha se encontra em suas reservas de petróleo, gás natural e carvão mineral.

Diante do contexto apresentado não apenas no presente post como também nos anteriores, conclui-se que é com base nos estudos dos fenômenos geológicos atuais que explicações são procuradas para os eventos remotos encontrados em rochas e fósseis. Convém citar o famoso lema “o presente é a chave do passado”, que há mais de dois séculos, forma a principal contribuição da geologia para entender a Terra.